segunda-feira, 28 de março de 2011

Poesia do rapper Markão de Brasilia


Fazer valer o Estatuto da Criança e Adolescente e missão de cada um e cada uma. Romper com relações de violencia familiar e alienação na educação são metas pra construção de um novo mundo.

Andares

Onde vivo? Em um contexto de conformismo e exclusão
Construídos a partir de uma falsa educação
Que não partilha com o outro segue em uma linha vertical
Manipula e enriquece com uma servidão social

Mutação: homens e mulheres transformadas em ferramentas
Globalização: somente a dor sustenta
Escravidão: por três centavos a criança costura
A blusa exposta no outdoor, na rua.

Vendida e usada nos templos da cifra, do níquel.
Em um natal que se espera por neve e não por certo Cristo
Gestos de carinhos e abraços quentes
Trocados por fumaças, entorpecentes, aguardentes.

Deprimente! Procura-se aquecimento em grandes saunas
Enquanto em carvoaria se queima a pele não se aquece a alma
Do trabalhador, dia a dia, braço a braço.
A brasa aquecida não alimenta sua família em rodízio farto

Sempre abaixo, o povo se encontra em uma pirâmide de fome.
Enquanto no pico os faraós comem
Pra enganar o organismo cheiram cola, drogas consomem.
É a juventude da rodoviária sem rosto, família ou nome.

E por onde caminharam? Ruas tortas e barracos
De madeirite é o palco a pique modernizado
Nômades: num cerrado, num florão.
Mudam-se, mas o lar foi sugado pela erosão.

Pés no chão, carroça, mas não são animais.
Papelão, PET, vidros, metais.
Futuro aproximado, escola existe, mas não vai.
Crianças comercializadas, amadas? Não mais

Mas desejadas, sexualmente falando.
Por seres que não devem ser chamados de humanos
Mas como 2, 3, 4 mulheres não saciam.
Logo procuram éguas, galinhas, cadelas: animais em cio.

Nojo fabricado por cada campanha publicitária
Não se mostra os pés ao venderem sandália
E a inocência cai andares, sangra em maletas.
É aprisionada em porões nos coroes da tristeza

Ao mesmo tempo em que é despesa gera lucro por hora
É a infância brasileira traficada e explorada em bordeis na Europa.


 poesia de Markão Aborígine-Brasilia-DF 
Rapper e Conselheiro Tutelar

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